Hoje é dia de amor. E desde quando há dia para o amor? O amor é coisa de todo dia, toda hora... Mas que falta de respeito com o pobre do amor! Acaso é bonito chamar o amor de coisa? É... vivemos tempos difíceis para o tal do amor...
Quem não ama amar? Quem não ama o ser amado? Quem alguma vez não desamou?
E desamar é lá amor? Talvez seja uma maneira de amar às avessas, com a urgência de quem deseja desocupar uma gaveta, um armário, uma habitação para voltar a enchê-la com roupas, lembranças, brigas, sorrisos, olhares enviesados, desconfianças, amor e lençóis.
Amar em tempos difíceis, quando o amor deixou de ser para estar. Um amor resignado, que já se sabe perdido, mas que se quer achar, sonhando acordado, com olhos esbugalhados como quem viu assombração.
Que importa se é grande ou pequeno? Importa? Importa amar, importa correr ainda que seja contra o vento, de cara limpa, sem saber onde vai dar. Mas que mais dá?
[Fragmento de Pensamentos, de Karla Andrade]
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